sábado, 8 de novembro de 2008

KERS - Fórmula 1 a pilha ou a fricção

2009 vai ser um ano de mudanças na F1. Grandes mudanças. Já não bastasse a volta dos slicks e o fim dos penduricalhos aerodinâmicos, que devem melhorar as brigas na pista e tornar os carros mais bonitos, também teremos a introdução do KERS (Kinetic Energy Recovery System/Sistema de Reaproveitamento de Energia Cinética). Nós meros mortais pouco sabemos sobre o KERS e muita bobagem vem sendo dita inclusive na TV. O que basicamente se sabe e que ele dá choque (BMW) e que explode (Red Bull).

O KERS é uma forma de reaproveitar a energia perdida nas frenagens e usá-la como potência extra para o carro. Usando o movimento das rodas no momento que o piloto pisa no freio para gerar energia, armazená-la num dispositivo e aplicar essa energia novamente nas rodas em momento da aceleração.

O mais legal de tudo isso e que existem várias formas de se aplicar isso e as equipes estão trabalhando em projetos diferentes. Adorava a época que os motores eram liberados. V12, V10, V8, W16, H8. Um motor poderia ser melhor numa pista, mas não era em todas. Isso equilibrava a disputa. A beleza esta nas diferenças. Imagine se todas as mulheres fossem iguais. Todas seriam igualmente belas, mas nenhuma seria mais que a outra. E também apareceriam alguns dizendo que todas são feias. Dou como exemplo a Stock V8, todos iguais, todos horríveis iguais, nenhum mais, nenhum menos.

A princípio a maioria das equipes trabalham com soluções elétricas. Um gerador é acoplado ao sistema de transmissão que no momento da frenagem acumula energia em uma bateria e essa aciona um motor elétrico também acoplado ao sistema de transmissão ao comando do piloto. Esse motor pode gerar no máximo 80 cavalos por no máximo 6,67 segundos por volta segundo o regulamento da FIA. São 80 cavalos a mais em um motor que não chega a 800 cavalos, ou seja, mais de 10% de ganho em quase 7 segundos. Como na maioria dos circuitos atuais o tempo de volta varia em torno de 70 a 80 segundos podemos dizer que são 10% também do tempo. Ou seja, o ganho é significativo. O problema é que esse sistema é pesado, principalmente as baterias e na f1 mais é mais. Mais peso, mais lento.

Esse sistema acima seria um F1 a pilha, só que também existe uma solução a fricção. Engenheiros ingleses desenvolveram um dispositivo que acumula energia cinética em um volante que gira numa câmara a vácuo, apelidado de Flybrid. O volante em forma de disco é acoplado a um câmbio CVT (Continuously Variable Transmission/Transmissão Continuamente Variável) que e acoplado ao sistema de transmissão. Quando as rodas freiam o CVT é acionado fazendo girar o volante a até 100.000 rpms. Ao comando do piloto o câmbio CVT é acoplado ao sistema de transmissão transferindo o movimento do volante para as rodas. É igual o funcionamento do carrinho de fricção. Os desenvolvedores dizem que o aproveitamento de energia é de 70% contra 40% do sistema elétrico que tem que transformar movimento em eletricidade e depois eletricidade em movimento, perdendo eficiência, no sistema Fybrid a energia é acumulada em forma de movimento e não requer conversão e o sistema inteiro é muito mais leve.

Ao que parece a Williams deve usar esse sistema e também uma outra equipe que pode ser a McLaren ou a Renault, afinal os engenheiros são ex-funcionários a empresa francesa.

Vale lembrar que o KERS é permitido e não obrigatório para 2009. Acho que talvez nenhuma equipe vai usá-lo na primeira prova de 2009 mas me arrisco a dizer que ninguém vai chegar no final do ano sem ele.

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